quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tinha tudo pra dar certo, mas deu errado!

Nem tudo na vida é perfeito.
Aliás, quase tudo na vida não é perfeito.
Muita coisas são boas, são excelentes mesmo - mas perfeição mesmo, quase nada tem.

É sobre estas coisas que o "Tinha tudo pra dar certo, mas deu errado" vem falar: coisas muito boas, excelentes. Mas que por algum motivo, razão ou circunstância não eram pra dar certo. E não deram, ainda bem! Porém, sempre resta a nostalgia... aquela melancoliazinha quando a gente se recorda... e é de histórias como estas que se trata isto aqui =]
Com certeza você já teve uma.

Núbia olhou pela janela do avião mais uma vez. Como o oceano era profundo! Ela não aguentava mais pensar naquele mundão de água ali embaixo... as séries na pequena tv à sua frente então, nem se comentam, nada prendia sua atenção. Seu coração tinha ficado pra trás.
Fazia apenas vinte dias. Será que foi há apenas vinte dias?!
Respirou fundo quando lembrou da efervecência de Barcelona. É, foi ali, em uma viela, procurando se achar em um mapa as 9 da noite, procurando o caminho de volta ao albergue que ela viu pela primeira vez Alonso.

Ela não viu, para ser bem honesta. Olhando naquele mapa (ela comprou uma versão grande, e se arrependia amargamente), Núbia andava devagar pela calçada, quando um passo em falso fez seu pé esquerdo escorregar para dentro da sarjeta: ela acabou... bem... de bunda no chão.
Não viu Alonso. Ouviu sua risada macia e sentiu alguém a amparando a ficar de pé. Juntando o pouco de dignidade que ainda tinha, Núbia olhou envergonhada para o estranho e disse (ao invés de obrigada):

- Eu não estou perdida *não preciso dizer que as falas foram em espanhol, right?
- É claro que não, e eu não me importo em “não estar perdido” junto com você.


Horizonte em Barcelona. Seriam Núbia e Alonso?
E foi assim.
Os dias se passaram e Alonso se tornou uma constante agradável. Núbia ia ao congresso, e ao chegar no albergue sempre havia um bilhete de Alonso na recepção; as vezes saiam, e Alonso conhecia os melhores lugares.
Perfeito? Não... como eu já disse, tinha tudo para dar certo. Mas deu errado.
E por que era pra dar certo?
Pela eletricidade que passava de Alonso para Núbia e de volta para Alonso – era táctil, seu antebraço se arrepiava. Pelos olhos castanhos de Alonso e suas sobrancelhas tão espessas que combinavam com os de Núbia, que se procuravam. Pela forma como Alonso estava lá quando Núbia se lembrava dele: na saída das palestras, na chegada ao albergue, ou num bar no meio do caminho. Pela forma rápida e suave que Alonso falava, e que Núbia não entendia tudo e nem queria, sua mente se perdia nos movimentos de seus lábios.
VOLTA PRA TERRA, NÚBIA.
Ele está falando algo importante.
Em meio a uma nuvem de palavras Núbia pensou ter escutado... “mi novia”. Oi? Ele queria namorar? Na verdade, ela havia mesmo ligado para seu (agora ex) namorado no dia anterior e pedido por um tempo. Não havia saudade, havia liberdade.
Mas aquilo, agora?
“Mi novia”?

- Como? No entiendo?
- Mira mi novia. - e segurava seu celular defronte aos olhos de Núbia.


Não é possível! Mentira... em todos estes dias ele esteve tanto tempo com Núbia que seria impossível a existência de uma namorada. Mas ali estava.
Núbia procurou sorrir e disse:

- Felicitaciones. Muy guapa.


Por que ela estava triste? São vinte dias apenas e nunca mais veria Alonso. Não faz sentido. Não ia acontecer nada.
Mas então Alonso diz que não quer mais namorar com aquela... aquela... mulher maravilhosa (Sim! Ela era linda! DROGA!)
Núbia sorri.
Esta simples frase teve o poder de fazer seu coração voltar ao lugar: nas mãos de Alonso. E ali ficou por muitos meses.

E voltamos de onde partimos, ali estava a volta para casa, a ligação de Alonso dizendo que havia quebrado o pé e não poderia despedir-se, o choro no vôo, a vida que segue, e as intermináveis horas com Alonso por Skype.
Havia planos – viagens, talvez uma mudança (afinal, Núbia não fora feliz em Barcelona? A cidade onde passou os melhores dias de sua vida lhe daria uma vida melhor, não?)
E um dia, Alonso sumiu.
Com todas as letras e levando consigo todos os poemas.
“Minha passagem para aí já está comprada”.
Foi a última coisa que Núbia jamais ouviu de Alonso.
Chegou a pensar que ele havia morrido. Na verdade, era quase uma esperança. Pra ser sincera, ainda é.

Esta história é uma quase-ficção, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

7 comentários:

  1. Essa Nubia e esse Alonsio.. Seria mesmo eles olhando o horizonte??? Haha

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  2. Eu conheço uma história parecida. Juro. Só não lembro com quem se passou isso. Puxa.. Não consigo me lembrar mesmo! haha Amiga, vc escreve muitíssimo bem. Mesmo. Quer dizer, vc canta, dança, escreve, toca flauta, violão, piano, fala inglês, frânces, espanhol.. tudo muito bem! hahah beiiijos.

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  3. Déh, lendo acabei de ler a história da Núbia e lembrei de uma música.. essa é pra você:
    "Asi és Maria, blanca como el dia, pero és veneno se te quieres enamorar."
    beeeijos

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  4. Que lindo o texto não-otimista! hehe
    Adorei!

    Deus sabe o que faz ;-)

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  5. Puxa vida...sou obrigada a comentar. Ficção, não ficção, quase ficção..whatever.....eu tenho uma pergunta profunda para a Núbia, ou para a Débora. Por que você perde tanto tempo, que não dá seqüência a tal obra TÃO maravilhosa e depois nos convida para autografar o seu então primeiro livro? Você é absolutamente fantástica!!! Que te falta? Se joga!

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